“Eu definiria o Minhocão como uma das coisas mais horríveis que a gente tem em São Paulo!” afirma o Vereador e Sócio-Ambientalista Ricardo Young no documentário PONTO DE VISTA, feito por equipe de TCC de conclusão de Curso de Jornalismo do Centro Universitário FIEO, de Osasco (SP)

 

 

 

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Documentário sobre Minhocão e gentrificação 

é um (necessário) tapa na cara

 

          O documentário Ponto de Vista, feito como TCC

de conclusão do curso de jornalismo por Caroline

Carvalho, Fabio Santana e Ingrid Mabelle, levanta o

debate sobre o processo de gentrificação em torno do

Elevado Costa e Silva, o famoso Minhocão.

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Prédios ao lado do Minhocão

 

          Com entrevistas com políticos (incluindo o

prefeito Fernando Haddad), urbanistas e,

claro,moradores, o filme traz, como o nome promete,

diferentes pontos de vista sobre o assunto, além de

discutir alternativas para o local, entre propostas de

demolição e criação de um parque.

 

          Segundo a diretora do documentário, Ingrid

Mabelle, “a inspiração para o trabalho surgiu ao

acompanhar os debates sobre a transformação do

Minhocão e perceber que raramente as pessoas que

moram ou frequentam a região eram ouvidas”.

 

TCC de conclusão de curso de jornalismo do

Centro Universitário FIEO,

finalizado em dezembro de 2015.

Direção: Ingrid Mabelle Roteiro e produção: Caroline Carvalho. Fabio Santana e Ingrid Mabelle Captação: Fernando Zamora Sob orientação de: Luiz Carlos Seixas

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           Dr. José Geraldo Santos Oliveira, morador,

Síndico e Advogado – Eu moro aqui há anos e

logicamente eu consegui adquirir um imóvel neste local.

Nesta localização. Se eu tivesse outra condição

financeira, teria adquirido nos Jardins, em Moema, em

Perdizes, na Lapa. Enfim, em bairros que tem valorização

espontânea imediata. Mas, de acordo com meu padrão

de vida, padrão econômico, consegui adquirir um imóvel

neste local, nesta localização.

 

          A economia da cidade está degradada por causa

do Minhocão. Existe a degradação dos imóveis aqui do

entorno do Minhocão. Existe a degradação dos imóveis,

lógico. Mas porque isso? Porque eão inóspita do

Minhocão faz com que seja dessa forma.

 

          Não vai haver super valorização como muita gente

fala. Super valorização existe em Moema, Ibirapuera,

Morumbi etc etc. Aqui, em Campos Elíseos, Santa Cecília

é inexistente.

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          Não se trata de questão política. O viés que a

gente trata aqui é o viés de saúde. Eu acho que o político

que for esperto , tiver visão de futuro da cidade de São

Paulo, vai absorver, vai abraçar a idéia do Desmonte do

Minhocão.

 

          Porque é benéfico não só para nós que moramos

aqui. Mas é benéfico para a cidade. É benéfico para o

estado. Vai dar arrecadação. Então aquele que tiver visão

de futuro, vai abraçar nossa idéia. Não precisa ser muito

inteligente para perceber isso.

 

          O Minhocão não feito para evento, corrida, para

show, para qualquer coisa nesse sentido. Isso aqui é um

viário, para os automóveis passarem.

 

          Eu acho que a cidade deve ser das pessoas. Das

pessoas que residem ali. Não das pessoas que vem de

outros locais, de outras cidades, de outros bairros, para

ocupar aquele espaço. Eu acho que aquele espaço

pertence as pessoas que moram naquela região.

 

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     Vereador Ricardo Young, Vereador e Sócio-Ambientalista:

 

          Eu definiria o Minhocão como uma das coisas mais horríveis que a gente tem em São Paulo!

 

          O Minhocão desvalorizou todas as propriedades ali e acabou criando de uma forma reversa, um novo perfil populacional, que se beneficiou do barateamento das moradias. Claro que em condições muito ruins, mas acabou se beneficiando disto.

 

          O Minhocão do ponto de vista urbanístico é

horrível!

 

 

          Do ponto de vista estético é horrível!

 

          Sob o ponto de vista de qualidade de vida de

todo seu entorno é horrível!

 

          Sob o ponto de vista da sustentabilidade é

péssimo!

 

          O grande problema do centro é que o poder público

gostaria muito que as construtoras fizessem o retrofit .

Que pegassem as construções existentes e as

modernizasse. As construtoras não tem interesse em

fazer isso porque é mais caro. Então o que elas tem

interesse em fazer? Que se desvalorizem o máximo as

propriedades no centro para que elas depois comprem a

um preço de banana, implodam e possam construir o

novo prédio e assim por diante.

 

          Eu imagino uma cidade para as pessoas. (…) Uma

cidade que promova o bem estar. Em que a lógica da

cidade gire em torno do bem estar. E não em torno do

viário, não em torno da construção civil, não em torno de

políticas sociais que marginalizam o ambiental, ou

políticas que atropelam a identidade, a tradição da

cidade.

 

          Nabil Bonduki, Vereador e Secretario da

Cultura: Construir uma mega estrutura, que danificou,

um monstrengo, que danificou bairros, que acabou

com uma avenida como a Avenida São João, uma via

tradicional da cidade, para única e exclusivamente para o

transporte individual, realmente não tem sentido dizer que

tem alguma coisa  positivada.

Deve haver uma gradual restrição até o completo

fechamento do Minhocão para o automóvel. E diz (o

Plano Diretor)que uma lei especifica os prazos dessa

desativação e o que será feito com ele: se ele será

demolido parcial ou integralmente ou será transformado

em parque.

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          João Sette Whitaker, Prof. de Urbanismo da

FAU-USP: A maneira como vai ser feita isso, não é o

Plano Diretor que define. Faz-se a lei do zoneamento e

as leis específicas ou os decretos, as decisões

específicas da Prefeitura, na hora de lidar

especificamente com o desmonte do Minhocão.

 

          Ninguém está lembrando esse fato: de que em

volta do Minhocão existe uma população que mora e que

é uma população mais pobre. E que por ficar quarenta

anos lá suportando carros e gás carbônico deveria ter o

direito absoluto de ficar naquele lugar.

 

          (…) Isso é uma espécie de cidade da África do Sul

que se reproduz aqui. Essa cidade não pode ser boa.

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          Camila Domitila Cunha, moradora: Seis da tarde

começa ambulância… carros… tudo… na verdade … e eu

trabalho muito no Skipe com pessoas de fora e tem um

cliente em Minas que eu converso com ele e ele fala:

Meu Deus! Como é que você trabalha nesse lugar?! É

o inferno!

 

          A poluição é muito muito muito grande ! Então eu

limpo a casa num momento e cinco minutos depois está

tudo cheio de pó.

 

          Ele é um rasgo no meio da cidade totalmente

desnecessário. Então, para que transformar este rasgo

num parque, sendo que você pode demolir?

 

          Quer fazer um parque dele? Faz na parte

debaixo. Fecha a rua. Fecha a São João.

 

          Ou escolhe uma área que não é tão urbanizada para fazer um parque.

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           Tathiana Bagatini e Rene Munoz: Eu imagino

que quem mora no térreo, deve ser pior.

           Fica preso embaixo do viaduto, como uma

tampa, quem está no térreo talvez essa poluição fique

mais concentrada.

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          Prefeito Fernando Haddad: Você pode tomar uma

decisão burocrática: vou demolir. Ou vou transformar em

parque.

 

          O que seria ruim: uma decisão burocrática,

qualquer   que seja. Ou você chama a atenção da

cidade para aquele espaço privilegiado … mas que tem

uma cicatriz … e faz as pessoas imaginarem coisas. E

começarem a discutir o assunto.  

https://www.youtube.com/watch?v=FZrgLzHoKeU

http://www.hypeness.com.br/2016/02/documentario-sobre-minhocao-e-gentrificacao-e-um-necessario-tapa-na-cara/

 

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