Minhocão tem novo acirramento em disputa sobre o futuro do elevado
LEANDRO MACHADO DE SÃO PAULO
10/04/2016
Quando o assunto é o futuro do Minhocão, eles só concordam com uma coisa: não concordam em nada. Um lado quer ver o elevado desmontado. Outro deseja um parque em cima do viaduto que faz a ligação entre o centro e a zona oeste de SP.
Há dois anos, o Movimento Desmonte e a Associação Parque Minhocão disputam batalhas sobre o local —cada um tem suas vitórias.
A guerra começou em 2014 com a aprovação do novo Plano Diretor, que coloca um prazo de 15 anos para desativação total do elevado Costa e Silva. Inaugurada em 1971 por Paulo Maluf, a obra foi considerada obsoleta já na época da construção. Depois, ela desvalorizou imóveis e degradou a região por onde passa.
Neste semestre, vem nova briga por aí: a gestão do prefeito Fernando Haddad (PT) estuda antecipar o fechamento da via para as 20h, todos os dias, acompanhando o horário do rodízio de veículos. (…)
Na Câmara, projeto do vereador Police Neto (PSD) também propõe a alteração —deve ser votado ainda neste semestre. A associação do parque é a favor da mudança. A do desmonte, contra. Haddad diz que a última palavra será da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego). ESVAZIAR Criado em 2014, o Movimento Desmonte Minhocão —formado por moradores dos prédios do entorno— é contra qualquer possibilidade do elevado ficar aberto.
“Por mim fecharia hoje. Quem vive nos prédios do lado está numa panela com barulho e muita poluição”, diz Francisco Gomes, 56, diretor do grupo.
O movimento canta suas vitórias: em 2015, conseguiu um laudo dos Bombeiros que proíbe qualquer evento no elevado. Virada Cultural, blocos de Carnaval e food trucks foram cancelados com a justificativa de que não havia segurança. “Cortamos tudo”, diz Gomes, fazendo um movimento de tesoura com os dedos.
O grupo dele tenta esvaziar o elevado para que a população não tenha a sensação de que a estrutura é um parque. Por isso, é contra inclusive a possível antecipação do fechamento para as 20h, o que teoricamente seria benéfico aos moradores do entorno.
“Essa ideia não visa a saúde dos moradores. É uma tentativa de convencer as pessoas de que essa coisa horrenda pode ser um parque.”
O grupo conseguiu cancelar uma audiência pública que discutiria a mudança, programada para o próprio elevado.
O movimento fez um orçamento em uma empresa para calcular quanto custaria o desmonte.
“R$ 28 milhões, muito menos que essa idiotice de parque”, diz Gomes.
A associação de Athos se inspirou no High Line de Nova York, um parque elevado numa linha de trem desativada. Lá, a adequação custou mais de US$ 100 milhões. “Só foi inspiração, mas eles são muito diferentes. Não é nossa proposta construir um projeto. O parque Minhocão já existe”, diz Athos.
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