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13/05/2016
Aos 45 anos, ainda se discute
o que fazer com o Minhocão
Plano Diretor de 2014 prevê prazo de 15 anos para desativação do elevado, porém, grupos contrários e a favor da estrutura debatem seu destino
São Paulo – Qual será o destino do Elevado Costa e Silva, famoso Minhocão? Esta é uma pergunta que está constantemente em pauta na vida do paulistano. Há 45 anos a estrutura é palco de discordância entre os moradores da capital, a qual se acirrou após o Plano Diretor.
O Plano Diretor Estratégico (Lei 16.050/14), sancionado em 31 de julho pelo prefeito Fernando Haddad, prevê a desativação do Minhocão como via de tráfego, sua demolição ou transformação, parcial ou integral, em parque até 2030.
Desde então, o grupo favorável ao desmonte da estrutura – Movimento Desmonte Minhocão (MDM) , trava intensas batalhas sobre o local com a Associação Parque Minhocão, que pretende transformar a via em espaço de lazer.
Cabo de guerra
A disputa começou em janeiro quando o MDM e quatro Conselhos Comunitários de Segurança (Consegs) da região enviaram à prefeitura um documento pedindo o veto ao projeto de Lei 439/2015, do vereador Police Neto, que muda o status de Elevado Costa e Silva para Parque Minhocão, quando fechado para veículos.
Apesar da tentativa, o prefeito Fernando Haddad sancionou o projeto.
Em contrapartida, o MDM, grupo de moradores dos prédios do entorno, conseguiu abrir um inquérito, no dia 25 de abril, para que o elevado seja inspecionado.
No documento, o Ministério Público de São Paulo recomendou à prefeitura o impedimento do tráfego e permanência de pessoas durante a ausência de carros na via, das 21h30 até as 6h nos dias de semana, e em qualquer horário nos domingos e feriados.
A prefeitura tem 30 dias para apresentar um relatório de inspeção averiguando as condições do local para o tráfego de pessoas. A Associação Parque Minhocão e o vereador Police Neto alegam que o pedido do Ministério Público não tem coerência, pois está baseado em um laudo antigo, feito para averiguar um evento da virada cultural que reuniria 1 milhão de pessoas em cima do Minhocão.
“Na condição de parque, o Minhocão nunca reunirá um grande aglomerado de pessoas, portanto o documento é equivocado”, concluiu o vereador Police Neto.
População do entorno
O advogado e morador do entorno José Geraldo Santos Oliveira, que também é síndico em seu prédio, comentou que os moradores vivem de janela fechada por conta dos problemas sonoros, de privacidade e poluição que a via causa.
A estrutura fica a uma distância de 5 metros da janela dos prédios. Para Oliveira, a única solução é o desmonte da via.
“Se montarem parque em cima, o fluxo de carros automaticamente vai se deslocar para baixo.
A estrutura do viaduto não permite que os gases veiculares se dissipem, piorando ainda mais a saúde da população, com aumento de ruído dos carros e ingestão de gases altamente cancerígenos”, disse.
Segundo a CET, o elevado recebe, em média, 70 mil veículos diariamente.
Propostas dos urbanistas
A primeira proposta foi feita em 1986 pelo arquiteto Pitanga do Amparo, que previa a transformação da via em um jardim suspenso. O projeto consistia na construção de duas vias em cima da estrutura para ônibus elétrico. Hoje seriam substituídos por Veículo Leve Sobre Trilhos (VLT).
Há 12 anos, o arquiteto Michel Gorski tenta emplacar seu projeto de desmonte do elevado. Em 2005, na gestão José Serra, o projeto chegou a ser estudado.
Estudo elaborado pela Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) em 2014, em simulações de fluxo de trânsito leste-oeste, apontou que a idéia do desmonte é viável, porém, seriam necessárias diversas intervenções nas vias que passariam a receber os veículos que trafegam pelo Minhocão.
“Se a Prefeitura não consegue dar conta de gerir os parques existentes na cidade como vai conseguir fazer isso em um parque elevado de 2,8 km de extensão?”, questiona o Diretor do Conseg e MDM, Francisco Machado.
Luana Meneghetti