No auge da pandemia do Covid-19
Prefeitura volta a priorizar 38 milhões para “maquiar” o Minhocão
São Paulo – Os milhares de moradores que residem ao longo dos 2 kms e 800 metros do Elevado João Goulart – Minhocão – tem finalmente desfrutado ao longo dessas semanas de quarentena devido ao vírus chinês, de sossego e tranquilidade, para usufruir do convívio familiar e descansar em seus apartamentos.
Com o fechamento do Minhocão no período noturno e aos sábados, domingos e feriados, paz, sossego e tranquilidade voltaram a reinar para esses milhares de moradores.
Nessa ocasião, apesar de trânsito menor, se pode verificar como amostragem, que conforme estudo da CET o Minhocão não é necessário ao viário, não tendo havido congestionamentos, com trânsito fluindo normal na parte debaixo. Não é exemplo de que pode ser desmontado e essa área atualmente degradada, pode ser reurbanizada e requalificada, restaurando entre outras coisas a dignidade, privacidade e sossego de milhares de moradores?
Mas, de repente, como raio em céu sereno, a Prefeitura teria que acabar com esse clima, voltando a remexer sua obsessão de torrar dinheiro público, para impor “parque” sobre a estrutura obsoleta e densamente poluída da laje de concreto e asfalto do Minhocão.
Milhares de moradores foram surpreendidos com a notícia de que a
“Prefeitura de SP vai construir oito acessos para pedestres no Minhocão – Expectativa é a de que edital de licitação seja concluído em julho. Obras fazem parte da construção do primeiro trecho do Parque Minhocão, com 900 metros”.
Por G1 SP – 19/05/2020
A Prefeitura de São Paulo abre nesta quarta-feira (20) o edital de licitação para as empresas que queiram construir oito acessos para pedestres no Minhocão, no Centro de São Paulo.
O processo busca a contratação de uma empresa ou de um consórcio de empresas especializadas em engenharia, arquitetura e urbanismo para a elaboração de um projeto básico e de um projeto executivo de oito acessos no Elevado Presidente João Gourlart.
O projeto completo deve ser dividido em três etapas, com implantação de obras de acessibilidade, segurança, e regramento específico para o entorno. O custo estimado é de R$ 38 milhões”. (…)
A notícia gerou comentários negativos
até no Facebook do “parque” Minhocão
No momento em que a cidade de São Paulo encontra-se no auge da talvez maior crise de saúde de sua história e do país e diante de milhares de vítimas, ao invés de se preocupar em socorrer as vítimas dessa calamidade pública, a Prefeitura quer torrar 38 milhões de reais do município, para construir acessos, afim de facilitar aglomeração em cima da laje de concreto e asfalto do Minhocão, não chega as raias da irresponsabilidade e inconsequência, haja visto que o covid-19 continuará a infectar o ar?
Torrar milhões de reais para construir acessos ao Minhocão para facilitar a fuga de meliantes que infestam o local, roubando os incautos, muitas vezes em plena luz do dia?
Acessos irrisórios (8) em relação a quantidade de pessoas que cabem no Minhocão (2 kms e 800 metros), em caso de evacuação de emergência, as pessoas não se aglomerarão nesses acessos, com tumulto, sérios riscos de quedas, pisoteamentos etc? Não se pensa nas consequências?
Não é um gasto que revela total ausência de razoabilidade em fazer esse processo licitatório, neste momento de desequilíbrio econômico e financeiro, decorrente da pandemia provocado pelo vírus chinês?
Do que adiantou a Secretaria de Urbanismo promover Audiências Públicas, nas quais a maioria dos munícipes se manifestaram contrários a essa insanidade de “parque” em local inapropriado, que é em cima da laje de concreto e asfalto do Minhocão?
Do que adiantou a Secretaria de Urbanismo ter promovido em seu Site, um pesquisa de opinião sobre o famigerado “parque” em cima da laje de concreto e asfalto do Minhocão, 47% das pessoas defendem o desmonte e somente 14% defendem a iniciativa do parque?
Foi mero jogo de cena por parte da Prefeitura?
Não é um procedimento antidemocrático abstrair das manifestações do munícipes e querer impor a realização do que chamam do fetiche de “parque”, em cima da laje de concreto e asfalto do Minhocão?
Afinal, qual é a prioridade da Prefeitura nessa situação da gigantesca crise de saúde pública?
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Em ilustrativa matéria, O Estado de São Paulo, em recente reportagem lembra que
“Há 50 anos, Minhocão engolia a praça Marechal Deodoro”
EDMUNDO LEITE – ACERVO ESTADÃO
23/05/2020
Ilustração do cartunista Biganti mostrava
destruição da Praça Marechal Deodoro em 1970
Uma minhoca gigante devora uma árvore. Ao lado, um tronco de outra árvore destruída, com a placa ‘Praça Marechal Deodoro’ mastigada.
Nos prédios ao fundo lê se ‘Av. São João’.
Foi assim que o cartunista Biganti ilustrou a chegada das obras da via elevada que ficaria conhecida como Minhocão à praça na divisa do centro de São Paulo com o bairro de Higienópolis no jornal de 23 de maio de 1970.
A então grande praça passaria a ser um minúsculo espaço ao lado do viaduto gigante.
Página do jornal de 23/5/1970 – Página do jornal de 1/12/1970
Fotos: Acervo Estadão
Meses depois, em dezembro, uma reportagem fazia um retrato da via elevada apelidada pelo povo de Minhocão: “Elevado o triste futuro da avenida.” A inauguração da polêmica via seria no ano seguinte.
http://m.acervo.estadao.com.br/noticias/acervo,ha-50-anos-minhocao-engolia-a-praca-marechal-deodoro,70003312713,0.
htmhttps://www.minhocao.net.br/
https://www.facebook.com/
movimentodesmontedominhocao/
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