“Derruba logo o Minhocão, gente!”, clama jornalista em artigo no seu BLOG

 

FOTO DO DIA

          NR: foto enviada por moradora . No centro de São Paulo, banco do Parklet do calçadão da 7 de Abril tomado por moradores em situação de rua. Como seria no pretenso “parque” em cima do Minhocão? Cracolândia suspensa?

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Blog do Arcanjo

Derruba logo o Minhocão, gente!

Miguel Arcanjo Prado

02/07/2019

São Paulo merece ser assim outra vez:

praça Marechal Deodoro arborizada e sem o Minhocão;

elevado precisa ser derrubado para o centro voltar a respirar com dignidade

Foto: Reprodução – Blog do @miguel.arcanjo – UOL

          Este colunista só tem um sonho ultimamente: assistir de camarote a derrubada do Minhocão, o horroroso viaduto que o então prefeito Paulo Maluf inaugurou no centro de São Paulo em 1971 e que degrada e atormenta até hoje todo seu entorno.

          Os moradores dos bairros paulistanos República, Santa Cecília, Campos Elíseos e Barra Funda só falam atualmente da possibilidade de mudança no tal elevado João Goulart, seu nome oficial.

          O prefeito Bruno Covas (PSDB) anunciou que deseja criar um parque suspenso em cima do horrendo viaduto ao custo de R$ 38 milhões aos cofres públicos municipais, fora a manutenção diária cotidiana em verde e segurança.

          No desenho, tudo parece lindo. Sobretudo, na parte de cima, o que passa a falaciosa ideia de que o tal parque suspenso vai recuperar a paisagem da área central, destruída pela construção feita em nome da mobilidade de carros em detrimento das pessoas, que se afogam no barulho e na poluição provocada pelo Minhocão, acima e abaixo.

Imagem da construção do Minhocão em 1970:

elevado degradou a paisagem e a vida no centro paulistano

Foto: Reprodução – Blog do @miguel.arcanjo – UOL

          Mas, como dizem os mais velhos, “de boas intenções o inferno está cheio”. O tal parque não vai resolver o grande problema do viaduto: sua parte de baixo, onde a fumaça atormenta quem ali trabalha, vive ou passa, além do barulho infernal do trânsito, que não tem como se dissipar. Ou seja, o tal parque “só taparia o sol com a peneira”, para usar outra sabedoria popular.

          A isso, acrescente-se outro problema gravíssimo e que só piora dia a dia: o número de usuários de crack e de pessoas em situação de rua que vivem debaixo do viaduto em toda sua extensão, formando uma espécie de cracolândia retilínea do Minhocão. E ela só cresce após a desastrada operação do então prefeito João Doria (PSDB) em 2017 que jurava ter acabado com a cracolândia. Doce ilusão, o que fez foi espalhá-la em todos os bairros do centro.

          Este colunista sabe o que diz. Desde que se mudou de Belo Horizonte para a capital paulista em 2007, sempre viveu nas cercanias do famigerado viaduto. E vê com os próprios olhos o horror cotidiano que ele é e que se agrava dia após dia.

          Além de não resolver esse problema, o tal parque suspenso tem tudo para virar, ao longo dos anos e com o costumeiro descaso do poder público para com os espaços públicos, uma espécie de cracolândia suspensa, com viciados e criminosos escondidos entre os arbustos prontos para atacar o primeiro morador que se aventurar lá em cima.

          Portanto, é melhor encarar a única solução possível: derrubar de vez algo que nunca deveria ter sido construído. Abaixo o Minhocão.

          Que se imploda cada concreto do elevado sem dó nem piedade. Que a rua Amaral Gurgel e avenidas São João e General Olímpio da Silveira possam outra vez respirar, ver o céu, o sol, a lua e as estrelas. Que os moradores dos prédios em sua extensão recuperem a tão sonhada privacidade.

          E que se plantem nos canteiros centrais árvores frondosas, trazendo de novo o verde para o coração do centro, recriando um boulevard com raízes fincadas na terra, como deve ser.

Derruba logo o Minhocão, gente!

Devolvam o céu para o centro paulistano:

rua Amaral Gurgel antes da criação do Minhocão:

canteiros centrais podem ganhar plantio de árvores frondosas,

transformando a via em um boulevard

Foto: Reprodução – Blog do @miguel.arcanjo – UOL

SOBRE O AUTOR

Miguel Arcanjo Prado é jornalista, mestre em Artes pela UNESP, pós-graduado em Mídia, Informação e Cultura pela USP e bacharel em Comunicação Social pela UFMG. É crítico da APCA (Associação Paulista de Críticos de Artes), da qual foi vice-presidente. Mineiro de Belo Horizonte, vive em São Paulo desde 2007. Passou por O Pasquim 21, TV UFMG, Rádio UFMG Educativa, TV Globo Minas, Curso Abril de Jornalismo, Superinteressante, Contigo!, Folha de S.Paulo, Agora, Uma, R7, Record, Record News, Rede TV!, Claudia, Band, Gazeta e Rede Brasil. É jurado dos prêmios APCA, do Humor, Bibi Ferreira, Sesc Melhores Filmes, Risadaria e Aplauso Brasil. Foi eleito duas vezes um dos dez melhores jornalistas do Brasil na categoria Cultura em Mídia Eletrônica pelo Prêmio Comunique-se.

SOBRE O BLOG

O Blog do Arcanjo mostra o que acontece e quem é destaque nos palcos, telas, salas e bastidores do Entretenimento e da Cultura de um jeito leve e inteligente.

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NR: assista também ao vídeo enviado pelo morador

Rene Alexis Penaloza Munoz

2 de jul de 2019

MINHOCÃO

Filmado em junho e julho de 2019.

Vídeo e música René A. Peñaloza. © 2019

https://www.youtube.com/watch?v=hSfLcZoOQ2Q&t=12s

 

 

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