Dr. Lúcio Gomes Machado
ESPECIALISTA APONTA SOLUÇÃO PARA O MINHOCÃO:
TEM QUE SER DESMONTADO
15 de maio de 2018
O assunto Minhocão sempre chega
acompanhado por alguma polêmica.
Veja as soluções que especialistas propõe
para o futuro desta importante via.
Apresentador: Falar do Minhocão causa sempre uma polêmica. Recentemente a circulação dos carros por lá foi alterada.
Alguns querem que o elevado fique como está.
Outros querem que ele vire um parque.
E outros querem simplesmente que o Minhocão seja demolido.
Mas a pergunta é: como fica o trânsito em São Paulo se o Minhocão for realmente demolido? Será que existe outras soluções? Outras alternativas? A gente foi procurar saber como é que ficaria São Paulo sem o Minhocão.
Repórter: Antes da construção do elevado, era essa a paisagem urbana na região da São João. A avenida era considerada uma das mais bonitas da cidade.
A construção do Minhocão acabou com o paisagismo e trouxe degradação para o entorno.
Hoje, a via de pouco mais de 3 kms já faz parte da vida de quem circula na capital paulista. Mas, perto dos 50 anos, o Minhocão é sinônimo de polêmica.
O Elevado João Goulart mais conhecido como Minhocão foi construído em 1970. Para ligar as zonas oeste a leste da cidade. Cerca de 70 mil veículos passam todos os dias por aqui. Só que de uns anos para cá, essa obra tem causado muita discussão. A polêmica ganhou força depois que foi sancionada a lei que cria o parque municipal do Minhocão. Pouco a pouco estão sendo feitas modificações no trânsito. (…)
Desde o dia 8 de maio os acessos para o Minhocão estão fechando mais cedo. Antes fechava às nove e meia da noite. E agora está fechando ás oito horas. Só que muitos motoristas não sabem dessa mudança. O que acontece com o trânsito por aqui? Fica complicadíssimo. (…)
Mas as complicações no trânsito acabam trazendo a pergunta: será que o Minhocão é imprescindível para o fluxo do trânsito em São Paulo?
De acordo com Lúcio Machado (*) uma pesquisa realizada pela CET – Companhia de Engenharia e Tráfego – concluiu que os veículos encontrariam via alternativas.
Dr. Lúcio Gomes Machado: Essa mesma pesquisa mostrou que a maior parte das pessoas que usam o Minhocão não usa ele como ligação leste-oeste, mas usa para pular alguns quarteirões. Por causa do trânsito embaixo. Ou porque é mais rápido ou por alguma outra razão. Então, funcionalmente não é problema.
Repórter: O arquiteto argumenta ainda que a retirada dos pilares abriria ainda mais espaço nas pistas que ficam na parte debaixo. Ele cita ainda que na década de 70, a Marginal do Tietê não estava pronta para ligar as áreas leste e oeste da cidade. Mas hoje, já faz essa ligação. O que dispensa a existência do elevado. Para ele não é difícil demolir toda a estrutura.
Dr. Lúcio Gomes Machado: A estrutura seria serrada ao longo da vigas, desmontadas e cada viga colocada em cima de uma carreta. E levada para um depósito próximo. Os pilares são cortados com serra diamantada e também levadas para esse depósito próximo, aonde o asfalto que está em cima das vigas e o que resultar das colunas seria moído – existe equipamento corrente para isso – e transformado em sub base para pavimentação. E as vigas servirão para fazer pontes . Que não falta lugar que precisa de pontes, passarelas, em toda periferia de São Paulo. (…)
Repórter: Mas o arquiteto lembra que manter o Minhocão tem um preço ato para quem vive nas proximidades.
Dr. Lúcio Gomes Machado: A gente está vendo a poluição sonora que tem aqui. A poluição do ar que tem embaixo. (O Minhocão) É um caixão que guarda todos os gases embaixo. E mais: quem mora em cima , nos apartamento por cima, é vítima também de poluição sonora, o tempo inteiro.
Repórter: O senhor Francisco mora há cerca de vinte anos aqui no prédio. E da janela do apartamento dele dá para ver muito bem o Minhocão. Fica cerca de trezentos metros daqui. Mas, a grande preocupação dele e de vários moradores da região é com a saúde.
Para a gente entender melhor, dá uma olhada na cortina que ele comprou a cerca de três meses. A cor original era essa. Branca. E virou… cinza. Ele tem que mandar sempre lavar, comprar novas cortinas, mas o senhor se preocupa muito é com a saúde, não é?
Francisco Machado: A grande preocupação nossa é exatamente a saúde. Cortina se manda para a lavanderia e voltam limpas. E os nossos pulmões? O desmonte do Minhocão é preciso ser feito urgente.
Repórter: Aqui no apartamento do senhor Geraldo, uma outra questão é levantada, que é a violência. O apartamento dele fica bem colado aqui ao Minhocão. E janelas tem que ficar o dia inteiro assim: com cadeado, correntes. Porque uma vez fragaram três homens prestes a entrar pela janela aqui no apartamento. Ligaram para a polícia, mas não foi só dessa vez.
Geraldo Oliveira: Não foi uma , duas ou três vezes. Foram várias vezes que tentaram entrar nos apartamentos, inclusive no meu.
Repórter: Dona Regina não gosta da ideia nem de manter o Minhocão para os carros nem como parque. Para ela o horário em que o horário está fechado representa um perigo. Regina Colmatti: Além dos moradores de rua, também vem as pessoas roubar . Rouba e vai para o Minhocão, porque é mais fácil de fugir. Está muito difícil aqui.
Repórter: O arquiteto aposta na decisão de erradicar o Minhocão do centro de São Paulo. Para ele, a demolição trará vários benefícios: mais beleza no visual urbano, melhor qualidade de vida e também valorização imobiliária para o centro.
Dr. Lúcio Machado: Isso leva a Prefeitura a ter também uma renda com isso, porque vai ganhar mais IPTU etc etc. E a própria movimentação comercial da região também vai valorizar.
É um desperdício absurdo continuar com o Minhocão. É uma bobagem. Não é porque ele está feito que tem que continuar.
Ele tem que ser desmontado.
http://tv.r7.com/record-tv/sp-no-ar/videos/especialistas-apontam-solucoes-para-o-minhocao-15052018
(*) Dr. Lúcio Gomes Machado – Possui graduação em Arquitetura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie (1969), Mestrado (1881) e Doutorado (1992) em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade de São Paulo ).
Atualmente é professor doutor do Departamento de História da Arquitetura e Estética do Projeto da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo.
Socio-Diretor de GMAA – Gomes Machado Arquitetos Associados Ltda e Linha d´Água Difusão Cultural Ltda.
No Instituto de Arquitetos do Brasil, foi membro de seu Conselho Nacional, diretor do Departamento de São Paulo, no qual atuou como Vice Presidente.
Foi Coordenador Geral e Diretor da seção brasileira do International Working Party For Documentation And Conservation Of Buildings.
Foi Conselheiro do CONPRESP e do CONDEPHAAT.
Foi Curador da III e da IV Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo.
Tem experiência nas áreas de Arquitetura e Urbanismo e de Desenho Industrial, com ênfase em História da Arquitetura e História do Design.
Atua profissionalmente nas áreas de Arquitetura e Urbanismo, Desenho Industrial, Programação Visual e Construção Civil, além de Editoração e Preservação do Patrimônio Cultural e Arquitetônico.
Graduado pela FAU Mackenzie em1969.
Mestrado e Doutorado na FAU USP.
Professor de História da Arquitetura na FAU-Santos (1973 a 85) e de História da Arquitetura e do Design na FAU/USP desde 1972.
Curador das 3ª e da 4ª Bienais Internacionais de Arquitetura.
Conselheiro de CREA-SP por 12 anos.
Ex Vice-Presidente do IAB-SP, do SASP e do CREA-SP.
Desde 1979, dirige escritório atuante em projetos e gerenciamento de obras institucionais, industriais e de restauro.