SPTV – Pesquisa da Prefeitura revela: 47% são a favor do Desmonte do Minhocão – Apenas 14% quer “parque”

SPTV – 4/05/2022 – Pesquisa da Prefeitura revela:

47% querem o Desmonte do Minhocão

 Apenas 14% são por “parque”

Vereadores de SP recorrem de decisão do TJ

que vetou criação do Parque Minhocão

e levam caso ao Supremo

     Em 2021, o Tribunal de Justiça considerou procedente um pedido feito pelo Ministério Público considerando a criação do parque inconstitucional. Os vereadores, então, recorreram e agora o caso vai ser julgado pelo STF.

Por Walace Lara, SP2 — São Paulo

04/05/2022

     O Supremo Tribunal Federal (STF) recebeu nesta quarta-feira (4) um pedido de recurso dos vereadores da cidade de São Paulo para reavaliar a decisão da Justiça paulista que considerou inconstitucional a lei que prevê a criação do Parque Minhocão.

     Em fevereiro de 2018, a prefeitura aprovou uma lei que criou o Parque Minhocão, que prevê a desativação do Elevado João Goulart. A área ocuparia o próprio elevado e teria muito verde e jardins, permitindo a circulação de pedestres e ciclistas.

     No documento, está descrito que a prefeitura deveria apresentar um projeto de intervenção urbana em 720 dias, mas mais de quatro anos se passaram e o plano ainda não ficou pronto.

     Uma consulta pública online feita em 2019 apontou que 47% das pessoas eram favoráveis ao desmonte do Minhocão; 39% defenderam a continuidade do elevado e apenas 14% disseram que queriam a implantação do parque.

     Em 2021, o Tribunal de Justiça considerou procedente um pedido feito pelo Ministério Público considerando a criação do parque inconstitucional (leia abaixo). Os vereadores, então, recorreram e agora o caso vai ser julgado pelo STF, mas ainda sem previsão de data.

     Inaugurado em 1971, o Minhocão tem 3,5 km de extensão, liga o Centro à Zona Oeste e sempre despertou muitos questionamentos.

     Para Francisco Gomes Machado, diretor do movimento Desmonte Minhocão, o elevado, do jeito que é hoje, prejudica a saúde de quem mora aqui perto. “Ele é o condensador da poluição sonora, auditiva e visual”, afirma. (*)

     “Somos a favor de parques, sim, mas parque no chão”.

     “Um parque em cima de um viaduto é mais ou menos como alguém querer construir uma creche em cima de um aterro sanitário”, finaliza.

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    (*)  NR: segundo o engenheiro Dr Alexandre Luís Suno, “a Associação Brasileira de Normas Técnicas recomenda que para conforto dos moradores em áreas residenciais, o ambiente interno, o nível seja de 35 decibéis.

     Aqui (no Minhocão), chegou facilmente aos 60!”

     Abrindo a janela, já vai para 81 a 85 decibéis!

     Comentando os efeitos maléficos da poluição sonora no corpo humano, Dr. Paulo Roberto Lazarini, médico otorrinolaringologista afirma:

     “Vocé vai ter repercussões para várias regiões do corpo. O coração vai ter problema. Pode aumentar a frequência cardíaca. Pode aumentar o stress. Você ficar mais stressado. Com muito suor. Palidez. Você pode ter transtornos emocionais. Pode acontecer você ficar irritado. Perda de concentração. Alteração de memória, em função dessa exposição o tempo todo ao ruído”. [1]

     Em relação a poluição atmosférica, estudo do Laboratório de Poluição Atmosférica Experimental da Faculdade de Medicina da USP revela: “com ou sem carros, Minhocão é 79% mais poluido do que o resto da cidade“. [2]

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          Felipe Morozini, artista plástico e presidente da Associação Parque Minhocão, também mora na região e defende que o trânsito no elevado seja suspenso por uma questão de saúde pública, mas, para ele, a melhor solução é a criação de um parque no local.

     “Eu acho e acredito numa cidade onde a carrodependência seja menor. Então, o entendimento é que eu não preciso dessa via elevada na frente da janela das casas das pessoas. Ela já é um parque nos finais de semana. Então, nada mais natural do que continuar essa história”, defende

     A Prefeitura de São Paulo diz que o projeto de intervenção urbana continua sendo desenvolvido e que, por conta da pesquisa online, hoje não considera somente o parque como única opção para a área.

     Trabalha também com a possibilidade de demolição e transformação parcial ou integral em parque.

     Ainda segundo a prefeitura, a contagem do prazo para a finalização do Projeto de Intervenção Urbana (PIU) Minhocão está dependendo da decisão da Justiça para saber se vai ou não ter autorização para fazer o parque.

Decisão do TJ-SP

     O Tribunal de Justiça de São Paulo decidiu que é a inconstitucional a lei da capital paulista que criou o Parque Minhocão, no Elevado Presidente João Goulart. A decisão foi tomada pelo Órgão Especial do Tribunal na quarta-feira (19), por maioria.

     Segundo o TJ, os desembargadores entenderam que houve falhas no processo de elaboração da lei, que foi de autoria de vereadores, enquanto que deveria ter sido proposta pelo chefe do Executivo municipal, ou seja, o prefeito em exercício.

      O Órgão Especial entendeu ainda que o parque foi criado sem que fossem feitos estudos técnicos prévios para a instalação no local. Ambos os aspectos, segundo os desembargadores, autorizam a declaração de inconstitucionalidade da norma, criada em 2018, quando o atual governador, João Doria (PSDB), era prefeito da capital.

     No processo, a prefeitura defendeu que “criar parques” não é iniciativa que cabe exclusivamente à gestão municipal. O município citou outras leis municipais, de autoria de vereadores, que já criaram parques e que foram declaradas constitucionais pelo tribunal.

     Durante as discussões sobre o caso, o relator da ação, proposta pelo Ministério Público, desembargador James Siano, afirmou entender que, ao determinar em lei a criação de um conselho gestor responsável pelo Parque Municipal do Minhocão, o Legislativo invade as atribuições do Poder Executivo, atentando contra a separação dos Poderes.

 
 

     Para Siano, a tarefa de decidir e propor a demolição ou transformação do elevado em parque é uma tarefa do Poder Executivo, e não do Legislativo, como foi o caso.

     Localizado na área central da cidade, o Minhocão conecta a Avenida Radial Leste-Oeste (no Centro) à Avenida Francisco Matarazzo (Zona Oeste), passando pelos bairros República, Consolação, Santa Cecília e Barra Funda.

     Plano Diretor

     A criação do Parque Minhocão começou a ser discutida desde a gestão do ex-prefeito Fernando Haddad (PT), que sancionou a criação da lei do parque em março de 2016. O Plano Diretor, aprovado em 2014 pela gestão do petista, determinava como a cidade deverá crescer nos próximos anos, previa a desativação do Minhocão.

     Em fevereiro de 2018, a Lei que cria o Parque Municipal do Minhocão foi promulgada pelo então prefeito João Doria e publicada no Diário Oficial.

     Desde a criação da lei do parque, o destino da via gera polêmicas. Há quem defenda a demolição total do viaduto, e quem defenda o fechamento total para o uso recreativo.

g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2022/05/04/vereadores-de-sp-recorrem-de-decisao-do-tj-que-vetou-criacao-do-parque-minhocao-e-levam-caso-ao-supremo.ghtml

[1] http://noticias.band.uol.com.br/jornaldaband/videos/2014/10/21/15244439-barulho-das-grandes-cidades-pode-prejudicar-a-saude.htm

[2] http://conexaoplaneta.com.br/blog/com-ou-sem-carros-minhocao-e-79-mais-poluido-que-o-resto-da-cidade/

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Movimento Desmonte do Minhocão

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